Não desistas

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Alerta Vermelho! - II Trail de Santa Luzia



Alerta Vermelho!

A sério? Não acredito isto deve ser algum erro dos gajos lá do boletim meteorológico que passaram o Sábado a jogar Grand Thef Auto V e colocaram esta alerta no sistema, isto seria o pensamento de muitos de nós no dia anterior a prova.
Eu não tinha a menor dúvida que caso houvesse agravamento das condições meteorológicas, principalmente do vento, no ponto mais alto seria muito complicado e mediante isto, a pouca experiência que tenho, me diz que a natureza e  montanha conseguem ser muito severas onde acabamos sempre por ser derrotados por estes elementos!
Dado isto, mais os avisos colocados pela organização, verifiquei novamente o material obrigatório, bem como, a escolha de equipamento, mais ou menos, aconselhado para estas condições, não fosse me esquecer de algo e na última da hora andar a pedir material emprestado.
Decidi marcar com a malta do Desnivel Positivo, num café, para confraternizar um pouco e até para se entregar os dorsais, que o Diogo Almeida os tinha recolhido no dia anterior, facilitando assim a vida ao pessoal, mas qual é o meu espanto o café estava fechado. Decidi verificar outro ali perto, mesmo no centro da Meadela, sendo este até divulgado pela organização desta prova, pois foi um dos patrocinadores, mas também se encontrava fechado. Porra será possível? Esta gente prefere ficar na cama? Afinal isto não está assim tão mal para alguns.... Bem não seria isto que nos iria desanimar e seguimos para o estádio Manuela Machado, pois seria a base de tudo nesta prova, secretariado, parque, balneários, partida e chegada.

Chegados ao estádio, o ritual do costume, começar a encontrar as caras que habitualmente vemos nestes locais de empeno, a troca de últimas dicas e as perguntas habituais sobre que mais provas vamos participar de futuro.
Controlo zero, apesar das ameaças da organização sobre caso alguém não alinhasse com o material obrigatório, não partiria, só me solicitaram o número do dorsal, ou seja, não houve qualquer controlo ao material, olhando para outros atletas, vi alguns só de porta bidão, calções curtos de atletismo, t-shirt e corta vento, alguns até sem este item. Pensei, espero não ter calor, vim preparado para o vento e para a chuva, mesmo sabendo que até a zona de S. Mamede estaria abrigado pela vegetação, receava por outro lado, quanto estivesse junto das eólicas, é uma zona muito ventosa.
Acho uma falha muito grave, dadas as condições, não haver um controlo quanto ao material, bem sei que coloca em causa a hora de partida, mas julgo que uma visa será sempre de maior valor que o tiro de partida, mesmo que sejam os melhores em sinalização e com meios no local. Penso mesmo que a ATRP, deveria regular melhor estes casos, não falo por esta prova em si, mas de futuro deveria estar mais atenta e alertar para as responsabilidades





Lá partimos, subida a bom ritmo, a chuva caía a amiúde, nada de muito grave, o Miro Cerqueira lá estava "pendurado" num ponto alto da entrada do estádio, o pessoal acenava e tudo tinha arrancado com a perna direita.



Como treino por aqui, conheço mais ou menos os trilhos em que a prova poderia decorrer, este ano não tive a menor hipótese de participar nos free runnings organizados pelo Leandro, por isso quase que parecia que nem estava na minha terra natal.
Sempre a subir, já estava a sentir bem a respiração, finalmente passo o primeiro abastecimento ao km 7.5, estava lá o Diogo Almeida a tirar fotos a malta e a dar sempre uma palavra de apoio, sabia que depois iríamos ter a descida das mulas, não gosto nada desta descida, sempre em paralelo, um gajo sente bem o impacto na coluna, novamente uma subida, até a entrada da citânia e descida pelo hotel até aos canos de água, ou o PR9 como é denominado.





Nas descidas começo apanhar os primeiros, que por algum começo mais rápido ou por terem dificuldade a descer, comecei a passar alguns, bem, objectivo seria acabar com 4 horas, pois sabia que a prova era mais dura que no ano anterior. mal saímos dos canos de água, vamos num trilho pelo moinho e depois cruzamos uma parte de estrada que dá a S. Mamede, mas entramos novamente num trilho. Aqui quando começo a visualizar melhor, penso deixei de ver fitas, segui mais uns metros e nada, volta para trás, tinha falhado um corte para a esquerda, que nos levaria para as cascatas do poço negro. Este trilho um pouco técnico, mas bonito de apreciar paisagens, entretanto começo a subir para sair desta parte e entrar novamente no trilho, quando vejo cerca de 5 melros que fizeram ao contrário de mim, ou seja, não voltaram para trás e seguram em frente, para que com isso evitassem o tal corte para a parte técnica e pouparam no mínimo 5 minutos, mais o desgaste de fazer aquela subida. Era neste ponto que deveria de estar alguém, não que o corte não fosse visível, mas mesmo basta conhecer um pouco a zona, para concluir que se seguisse em frente poupava muito e neste grupo, estava pelo menos uma pessoa que conhece bem o local e mais não digo.

Lá chegamos a S. Mamede e lá estava  novamente o meu amigo Diogo Almeida, para dar apoio moral e captar mais umas fotos mas, não comi, nem bebi nada, só ingeri um gel, deixei o lixo e fiz-me ao trilho. Aqui descemos uns metros para começar a subida até ao marco geodésico, nesta parte já na zona de careço olho para o mar e parecia que estava mesmo ali ao lado de tão forte que se encontrava, parecia que sentia as ondas rebentar. O terreno cada vez parecia mais pesado, continuamos a subir e o nevoeiro começava já a dominar a zona, é pena pois para quem gostaria de apreciar as paisagens, perdeu a oportunidade de captar umas fotos.
Chegado ao abastecimento 3, com cerca de 24 km, estamos poucos metros a baixo da subida para as eólicas, decidi aqui apostar em ingerir mais alguma coisa, sabia que ainda não tinha terminado de subir, aqui já se sentia bastante o cansaço nas pernas e a chuva aliada ao vento já estava a causar danos.


Gostei da subida para as eólicas curta e dura, entramos na zona da vacaria, aqui domina a lama e o vento cada vez mais forte, com o nevoeiro deixei de ter real percepção de onde estaria, continuamos a subir, aos poucos mas sempre a subir e a chuva não pára. Passados alguns km, deixamos de estar protegidos do vento e agora sinto realmente a sua força, a chuva rapidamente se transforma em agulhas a serem arremessadas por S. Pedro, o frio toma conta e deixo de sentir os dedos das mãos. Tento abrir e fechar, para que não deixe de as sentir mais, penso que para a próxima tenho que adquirir umas luvas impermeáveis, aqui fariam diferença. O trilho continua muito molhado é sempre com água, continuamos a subir rumo ao marco geodésico, aqui penso seriamente que não vou conseguir continuar, mas fico com um grupo de atletas que fez com que continuasse. Mal chego ás última eólicas, sei onde estou, penso já falta pouco, mas aqui apanhamos o vento de frente a cuspir agulhas de água, que parece que nos rasga a pele do rosto, penso, vou ficar no próximo abastecimento, não consigo.

Chegado ao Abastecimento 4, com cerca de 30 km, não conseguia abrir uma simples garrafa de coca cola, o pessoal que lá estava, tal era o frio, não tiraram as não dos bolsos para me ajudar, eu não os condeno, até compreendo bem o frio que estavam a passar, agarrei duas laranjas e siga que a gora é a descer, não posso parar.
Começo a descer, conheço bem o trilho que dá até a casinha dos aviões, as mão deixaram de estar tão frias, sinto uma invasão de confiança, falta pouco, são 5 km a descer, é canja, penso eu. Pouco tardou, senti uma cãibra, que me obrigou parar durante uns bons dois minutos e o resto do percurso, deixei de ter mobilidade total da perna direita, mas para ajudar a festa ainda consegui escorregar e dar um bate rabo.


Sempre a descer, entretanto entro no cruzamento para a Cova, aqui já não está vento e estou bem mais quente, continuamos a descer, rumo ao final. Mas não pensem que o camarada Leandro Freitas e deixar um final fácil, este aproveitou o caudal de água de S. Vicente para nos obrigar lavar as jantes, no final tínhamos o Miro Cerqueira a tirar uma fotos especulares, na saída da água.
Mas de repente uma subida com pouco menos de 20 metros com lama deixaram outra vez um gajo cheio de terra, mal acabo a subida, verifico que estou numa das laterais do estádio, esta já esta.






Aqui dei um último sprint com muito custo, ouço o meu nome, terminei esta prova, curta, quase a desistir, mas cortar a meta, é uma sensação indescritível e muito compensadora, seja qual for o nosso tempo ou classificação, pois só nos sabemos o que combatemos, durante a prova, com os nossos fantasmas.




















Saliento, que achei a prova extremamente exigente, faço Ultra trail a dois anos, tenho alguma experiência, achei tudo muito bem marcado, mas correu bem, porque se alguém se aleijava no ponto mais alto, acho que iria ter um final trágico, ainda bem para o Leandro, bem como a restante organização, ter tido um final feliz, apesar do grande número de desistências.





















Resta dizer, que com alerta vermelho, não deveremos ignorar os avisos!!! Parabéns Desnivel Positivo pela prestação de todos os atletas que acima de tudo são uma família.




Artur Costa/Dorsal 170
23 º Classificado na Geral Sen-Masc.
Tempo: 04:02:18







Podem consultar o site da prova aqui e os resultados aqui.
As fotos e os comentários podem ser aqui consultados.









sábado, 8 de fevereiro de 2014

I Trail Diver Lanhoso



Mesmo após uma semana do Ultra Trilho dos Abutres k47, já tinha decidido participar em mais um evento de trail, numa das mais bonitas zonas do nosso País. Esta prova decorre dentro de um parque, o Diver Lanhoso Aventura Parque, organizado pelo meu colega de equipa Jorge Esteves, que a meu ver, muito tem feito pelo divulgação, bem como pela informação do Trail em Portugal, podem consultar a sua página Trail de Portugal.

Todos os ingredientes estavam prontos para mais uma manhã em contacto com a natureza, trilhos fantásticos com desníveis e eu não podia faltar, inclusive, seria para mim um desafio, talvez até um teste, para verificar a minha recuperação, entre provas, num espaço curto e verificar o meu performance em provas mais curtas.


O terreno estava bastante pesado, pois ainda na noite anterior choveu muito, a lama não poderia faltar, por momentos fui assaltado de memórias da Ultra dos Abutres, ainda só tinha passado uma semana desde então e ainda estava tudo muito fresco na minha memória.


Esta edição seria constituída por duas provas, um mini/Trail Caminhada com 10 km, com um desnível acumulado de cerca de 1100 mt, segundo a classificação da ATRP, considerado como Trail Curto/Muito Difícil. Já a prova dos 21 km, teve um desnível acumulado de 2300 mt, classificado como Trail Longo/Muito Difícil.

Pouco mais posso dizer sobre a prova, aconselho que vejam o registo fotográfico de várias pessoas e que marquem já na agenda a edição para 2015, que se realizará no dia 1 de Março de 2015. Aconselho vivamente a todos que visitem a página deste parque e que vejam os programas da empresa, bem como o alojamento, pois podem ter um fim de semana cheio de aventuras. Diver Lanhoso Parque Aventura


O meu certificado da prova e resultado:
Certificado
PosDorsalAtletaSexoEscalãoClubeTempo  
2496ARTUR COSTAMSenior M.Desnivel Positivo01:59:20

Resultados:
Trail de 21 km
Trail de 10 km
Resultados finais em PDF

Fotografias:
Solopisadas 01
Solopisadas 02
Trail de Portugal
Trail de Portugal 01
Trail de Portugal 02
Trail de Portugal 03

Mais informações aqui.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

IV Ultra Trilho Dos Abutres


Mais uma edição desta mítica prova, que pela segunda vez consecutiva, iria participar, mesmo sabendo que estou abaixo da minha forma física, não podia deixar de ir, pois toda a família do trail, nesta altura do ano, ruma a nossa querida serra da Lousã. Alías, esta seria uma prenda de aniversário e que rica prenda que fui arranjar.
As inscrições mal se encontraram abertas, esgotaram em apenas alguns dias, tal é a procura para uma das provas mais técnicas do trail nacional, sendo atribuído o grau de muito difícil, segundo a ATRP, pois além do mais, conta para a classificação do Circuito Nacional de Ultra Trail.

Tal como previa, a viagem já arrancou tarde, mas a boa disposição reinava na carrinha, esta cedida pelo Município de Caminha e rumo a Miranda do Corvo antes que o secretariado encerrasse.
Conseguimos, lá chegamos, a são e salvo, este ano a t-shirt técnica, foi substituída por uma de cor amarelo super florescente, preferia o branco como a do ano passado, uma garrafa de “Vinho de Lamas”, um doce típico da região o “Mirandense”, dorsal, chip e senha do almoço. Aos poucos ainda fomos saudando outros atletas, colegas ou até familiares, pois no trail, com o passar do tempo, já nos consideramos como uma família, ainda tivemos oportunidade para visitar a Feira Abútrica e dar uma vista de olhos ás oportunidades e ás novidades. Mas, a minha preocupação seria o solo duro....


O solo duro seria nos Bombeiros Voluntários de Miranda Do Corvo, mal lá chegamos já algo se previa, o pavilhão estava super lotado e foi-nos dito que tinham aberto outro espaço para este efeito. Mal nos abriram as portas, não pude crer, estávamos na cave, era óleo dos carros espalhado no chão e um frio de rachar, nem sabia onde iria tentar abrir o saco cama... Mas, a certa altura recebo uma chamada do nosso colega Vitor Penetra, a perguntar onde estava, pois ele tinha se "apoderado" de uma sala do médico nos bombeiros e que tinha espaço para nós... não pude crer.
Lá subimos ao primeiro andar, a sala tinha espaço suficiente para todos e ainda por cima tinha imensas mantas que deu para improvisar uma cama espetacular, pois o descanso nesta noite era muito importante.

A certa hora, comecei a ouvir uns sons agitados, era o Diogo Almeida, já todo equipado, quando lhe perguntei que horas eram, já estava atrasado, a cama estava tão confortável que ia adormecer, mas saltei logo dali para fora e siga que a serra da Lousã nos aguarda, este será o primeiro empeno do ano.

O controlo zero foi mais rápido que no ano passado, neste aspecto conseguiram melhor bastante, pois o ano passado fui o penúltimo atleta a passar no posto zero, desta vez não iria permitir isso, havia mais atletas que no ano passado e por isso quanto mais perto conseguisse estar da partida melhor. Ainda se foi saudando mais elementos desta vasta família, desejando boa prova e aproveitando para tirar algumas fotos em grupo ainda todos limpos.

Partida!
Passavam cerca de cinco minutos das oito da matina, o público tinha se concentrado na saída do pavilhão, é muito compensador quando temos público a aplaudir, diria que, é um momento encorajador e de respeitar aqueles que trocam o conforto do lar, para aplaudir os ultras.

O andamento nesta parte do percurso é realizado a um bom ritmo, ou dentro daquele ritmo que nos sentimos melhor, eu tentei andar bem, para tentar passar o maior número de atletas antes da primeira parte mais técnica, com single tracks, pois aí é muito difícil passar alguém. Adorei quando passamos em pleno Parque Biológico da Serra da Lousã, onde podemos ver os mais vários animais que ali se encontram, mas especialmente para mim, quando passamos ao lado dos lobos, adorei! Tem aqui o link da Quinta e aqui um vídeo, podem encontrar um museu, um centro hípico e muito mais. É um excelente local para passar uma manhã em família!











Parquebiologico.serralousa/photos


Abastecimento 1 

Neste ponto estávamos em Vila Nova, com cerca de 10 km, como ainda estava com tudo atestado decidi não parar e seguir em frente, pois passados alguns km teríamos outro abastecimento e mesmo sabendo que se iria começar a subir, com um terreno muito pesado, eu estava preparado para isso.
Tinha delineado, que a partir deste ponto seria a melhor altura para retirar os bastões, pois segundo o perfil, a prova começa a ter maior desnível aqui, mas o trilho passa a ser muito mais técnico, mas mesmo assim, fazia parte do meu objetivo o uso de bastões em prova.
Por acaso desta vez segui bem o meu plano, mesmo a nível nutricional e não senti mazelas, hidratar bem, ingerir gel antes das subidas e barras energéticas e proteicas.




Abastecimento 2

Em Mestrinhas, com cerca de 17 km, teríamos o segundo abastecimento, subimos sempre e descemos também, muita lama e muita pedra molhada, desde o abastecimento 1 até ao abastecimento 2, existem partes bastante técnicas, foi aqui que me arrependi optado pelas sapatilhas Gobionic Trail e pelo bastões, pois tudo ajudou a cair. Nesta lama, só mesmo sapatilhas com tacos bem salientes, existem alguns modelos no mercado, mas eu como não posso ter um par de sapatilhas para cada ocasião, tive que aguentar as quedas, onde uma cheguei a deslizar cerca de 3 metros sobre uma pedra.

Aqui encontro o gajo mais bonito do facebook, segundo ele, o meu camarada de armas Vitor Penetra, realmente confesso Vitor, fiquei admirado estares já neste posto de abastecimento e por outro lado muito contente por te ter ao meu lado correr. Aqui partimos um grupo grande e de vários elementos da Desnível, eu, o Luís Alves, Pedro Conde, o Vitor Penetra e o seu colega que não me recordo do nome. Mas não se julgue que a prova se tornaria mais fácil, aqui subimos até ao primeiro ponto mais alto e começaríamos a descer por trilhos, com muitas raízes, algumas pedras escondidas e começaríamos a descer até ao rio. Aqui no rio é que tudo complica, mais quedas, nem as cordas ajudavam os atletas, ao mínimo deslize e lá íamos nós, mas finalmente avisto as escadas para a Sra. da Piedade, o terceiro abastecimento.





Abastecimento 3


Sra. Da piedade, 25 km, aqui tinha mesmo que realizar uma paragem longa, mas não pensem que seria para comer ou beber. Tinha as sapatilhas rasgadas em ambos os pés, lama e pedras já me estavam a incomodar a muitos km. Além de ter que fazer isso, decidi testar um produto isotónico, mas a sua preparação demorou mais 2 ou 3 minutos, tive tempo apenas para comer um sopa e um pouco de laranja, pois o resto do grupo já estavam a minha espera, esta paragem fez com que um outro grupo enorme de atletas seguisse na minha frente e só no final da prova é que tive a real noção do tempo que perdi neste abastecimento.

Temos que chegar a Gondramaz, aqui entramos novamente num percurso todo ele técnico, mais pedra, lama e subidas longas até ás eólicas. Chegado ao topo estava muito nevoeiro, não se viam as eolicas, vento e uma chuva daquelas que parecem agulhas a penetrar na pele. Para aliviar, começamos a descer um pouco, mas aqui ainda existiam muitas raízes e todo o cuidado era pouco.

Abastecimento 4

Centro de BTT, abastecimento rápido, pois perdi imenso tempo, os últimos km deram para aliviar as pernas e ajudaram a pensar no resto da prova....já faltou mais.

A 5 km de Gondramaz, o pensamento é positivo, mas estes cerca de 5 km, são uma maldição pois entramos novamente no rio, muita lama, pedra, troncos, pontes de troncos de madeira, cordas para ultrapassar obstáculos mais difíceis e os bastões a darem cabo da progressão. Conselho, se não forem muito experientes em no uso de bastões em trilhos técnicos, não vale a pena usarem. Eu nestas partes ou passava ao companheiro que vinha atrás de mim e depois ajudava-o a subir, ou então atirava os bastões para o ponto que pretendia subir e usava o que esteva em meu redor para subir.
Agora uma última subida, muito técnica, a subida ao Penedo Dos Corvos. Só o tipo de terreno que é impõe mesmo respeito, mais as correntes colocadas para ajudar a progressão e a presença do Bombeiros, faz com que um gajo se tenha que concentrar ao máximo para não haver nenhum deslize. Passado este pesadelo, entramos num trilho pouco técnico mas sempre a subir até ao próximo abastecimento, já conhecia do ano passado e pensei, já estamos aqui???? Maravilha!


Abastecimento 5

Mal vejo a aldeia, sinto um certo alívio pois sei que aqui tenho cerca de 35 km, mais km menos km, mal passo o Beco do Tintol, sinto a energia a voltar ao de cima, vamos lá abastecer, perder um pouco de tempo a hidratar e seguir em frente.
Daqui seria a descer, mas cedo entramos novamente no mesmo tipo de terreno, single tracks junto ao rio, lama, troncos, pontes de impor imenso respeito, pedra molhada e muitos tombos pelo caminho. Já quase mesmo no fim de sair deste terreno, ao deixar passar um atleta por mim, aconteceu o pior, ao passa por baixo de um tronco de uma árvore embati com a cabeça.
TUMM! Foi este o som, pensei logo, pronto, nunca abri a cabeça vai ser hoje. Passei a mão na cabeça e sangue, pronto a prova vai acabar a dez km da meta e mesmo na saída do trilho técnico. A conduta desportiva não se verificou nos 3 atletas que passaram por mim, nenhum perguntou se estava bem ou se precisava alguma coisa. Lamento imenso esta atitude, pois quer nesta prova, quer noutra qualquer, sempre que passo por alguém, pergunto logo se está bem e se precisa de algo. Não consigo compreender como existem atletas que passam, por outro, amarrado a cabeça, a sangrar e em cócoras e ignoram. O que me valeu foi o Pedro Conde e o Luís Alves, que pararam e verificaram que apesar do sangue, seria um ferimento superficial.

Fiquei revoltado, nunca vi nada semelhante, acima de todo a entre ajuda e o espírito de companheirismo, são a base do trail, cada vez mais, existem pessoas que estão a destruir estes valores. Nesta fase, já dava para rolar a ritmo mais alto, mesmo na zona da levada que apesar da lama, como ainda era dia, dava para progredir muito bem, comecei a passar vários atletas, mas ainda sentia a vibração do impacto na cabeça de cada passada que dava, mas um ultra supera isto, eu sou ultra e vou seguir. Este era o meu pensamento!

Abastecimento 6

Em Espinho, nem parei, agradeci os aplausos, já se começa a ver novamente o público a apoiar, tínhamos sensivelmente cerca de 40 km, só faltam 8 km para terminar, mas são longos, muito longos. Tentei manter um ritmo controlado, de forma a que não tivesse uma quebra, pois sabia que no fim teria uma última subida antes de chegar ao pavilhão.
Antes 540 metros desta subia, o atleta que vinha mesmo ba minha frente, quando a viu, disse que isto não se fazia a ninguém, só lhe disse, vamos embora que é num instante que fazemos isto. Conforme subo, começo a ouvir o meu nome, são colegas, caras conhecidas, a dar um último apoio e foi num instante que se fez esta rampa.

Meta


Entro no pavilhão corto a meta, a confusão era tal que o staff nem repara que ainda estão a chegar atletas, havia pessoal a retirar os chips, os fotógrafos estavam a verificar as fotos tiradas e ninguém anuncia a minha chegada, mesmo assim faço a festa, para mim mais uma prova superada, mesmo com a cabeça e as sapatilhas abertas também. Foi a primeira ultra deste ano, após uma paragem de quase dois meses e é sempre bom correr por trilhos junto desta família.






Os meus parabéns a todos os atletas da Desnível Positivo, estiveram todos em grande e um em especial ao Mota que foi batizado no trail nesta prova.






ARTUR COSTA (POR) (143) 119º Lugar - 07:14:17

Data de Nascimento
1977
Clube
Desnível Positivo
Sexo
M
Tempo Chip
07:13:54
Escalão
Senior M.

PassagemTempo
PARTIDA00:00:23
Sra da Piedade03:31:07
Gondramaz06:01:24
Espinho06:47:19
META07:14:17









Podem consultar os resultados do trail e da ultra aqui!