Não desistas

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domingo, 16 de março de 2014

II Trilhos do Paleozóico


Os 2ºTrilhos do Paleozóico, é uma prova que percorre trilhos e caminhos na serra de Santa Justa e de Pias no concelho de Valongo, onde está inserido o Parque Paleozóico de Valongo, com partida e chegada no Largo do Centenário (centro de Valongo) e será constituído por 4 eventos:
-Ultra Trilho Paleozóico (UTP) com 45km
-Trilho Paleozóico (TP) com 21km ( FAZ PARTE DO CIRCUITO NACIONAL DE TRAIL )
-Mini-Trilhos e Caminhada Paleozóico (MTP) com +-12km
-Trilho dos Pequeninos (8/16 anos)

Passará por locais paradisíacos e de ímpar beleza (rio Simão, rio Ferreira, fragas, fojos, minas romanas, etc)
A organização deste evento estará a cargo Luís Pereira (Ultramaratonista) com a co-organização da Câmara Municipal de Valongo, Junta de freguesia de Valongo e do Grupo Dramático e Recreativo da Retorta.
Texto retirado do regulamento da prova

Tendo terminado com uma semana o Hard trail Monte da Padela, seria sensato participar na prova mais curta deste evento e além do mais seri,a essa que classificava para o Circuito Nacional de Trail.
Na mais tenho a dizer, a não ser, felicitar o Luis Pereira pela excelente organização, o ambiente que se viveu no dia e a excelente qualidade dos brindes para os atletas.

 

Artur Costa | 61º classificado | Trilhos do Paleozóico com o tempo 02:47:22: Resultado Trilhos do Paleozóico - Artur Costa obteve o 61º lugar com o tempo de 02:47:22















domingo, 9 de março de 2014

Do Hard ao Extrem!

Hard Trail Monte da Padela(http://padelanatural.blogspot.pt/)


Prova organizada pela Padela Natural Associação Promotora, sendo a 3ª Prova do circuito Nacional de Ultra Trail promovido pela ATRP. Esta organização consegui que a prova pontuasse dois pontos para a prova rainha do trail, UTMB 2015. Muita publicidade se passou que esta seria a prova mais Hard em Portugal durante o ano de 2014, sendo um grande desafio a todos os participantes e até apelidada de "extrem", para quem iria percorrer os 60 km.
Para ainda dificultar um pouco, ao km 15, existe uma pequena prova em "uphill" durante 1 km, ou seja, 1 km sempre a subir e cronometrado, mas tendo eu realizado a primeira edição, sabia bem o que me esperava e tentei não abusar muito, pois findo o uphill ainda tinha pela frente cerca de 45 km.

Em primeiro lugar queria realizar um teste, não ao meu aspeto físico, lamentavelmente ainda ando constipado, mas sim, um teste a hidratação, alimentação, ao uso de bastões em provas longas e pouco técnicas, mesmo tendo um desnível anunciado de 3500 mt desnível positivo.
As condições atmosféricas , também estavam muito extremas, pois estava tempo muito seco e bastante quente, quase parecia Agosto, realmente uma excelente forma de juntar tudo e testar a adpatação do corpo, pois durante bastante tempo choveu e esteve frio, o corpo não teve tempo de se habituar a esta transição.
Por outro lado, tinha o meu camarada Carlos Miranda a estrear nesta distância, tinha decidido que iríamos juntos até ao fim, tendo assim mais um teste, realizar a prova em grupo, pois será necessário no Gerês Trail Adventure e porque com o passar do tempo, habituamo-nos a realizar as provas de forma individual que esquecemos aqueles que nos acompanham nas provas.
Na hora de pensar na nutrição, fui verificar o perfil de altimetria, para planear o que deveria levar comigo e decidi ver o regulamento, onde mencionava o que existiria nos abastecimentos, verifico que existe de tudo um pouco, mais barras energéticas, isotónico e até sopa, então decido só levar algumas embalagens de gel, pelo sim pelo não, porque a montanha já me ensinou que não deve ser menosprezada. Tudo apostos, basta agora aparecer na partida.


Lá nos fazemos ao trilho, tudo cinco estrelas, ambiente espetacular, ainda consegui andar 2 km com o top 10, não queria me entusiasmar, mal tinha começado e muito vinha pela frente. O ritmo estava no ideal, depressa chegamos ao posto de controlo onde seria dado o início do uphill, mal entrei pensei, vou fazer a um ritmo constante sem grandes picos a ver no que dá, nesta pequena prova contam todos os atletas que participam em todas as distâncias, tendo sido contabilizado total de 356 atletas e não é que consegui retirar cerca de 2 minutos ao tempo do ano passado, finalizando na 38ª posição com um tempo de 00:11:31.


Agora a ideia seria não abusar pois este pico é extremamente desgastante, infelizmente o meu camarada, começou a sentir cãibras e tivemos que abrandar um pouco o andamento, deveríamos estar sensivelmente com 16 ou 17 km. Aqui comecei com o jogo psicológico, sem a mente é muito forte, o discurso seria aquele típico que um ultra vem para se sofrer e superar, sem esquecer que chegando a meta, tanto eu como o meu colega, teríamos os nossos filhos aguardando por nós, mais forte que este jogo psicológico, não pude arranjar. Assim, se foi mantendo o ritmo, mais lento, não interessa quala classificação, mas sim terminar, confesso que comecei a ver o meu colega a ter sérias dificuldades, tentei sempre atacar a mente até ao abastecimento dos 30 km.

Chegado ao abastecimento, sabíamos que iríamos ter uma grande subida, portanto vamos abastecer, pois o relógio já passava das 11 horas. Perguntei pelas barras energéticas, não havia, pedi isotónico, sabia a Tang, fiquei surpreendido com a existência de sal grosso e tomate cortado, para mim uma das melhores combinações numa ultra. Não vamos desistir, mas depois de uma subida forte, vi a dor que o Carlos estaria a sentir, neste ponto, já lhe estava a dizer que a saúde em primeiro lugar, provas vão existir muitas, olho para o dorsal e vejo que a menos de 2 km temos um posto da cruz Vermelha, pior é que esses 2 km eram sempre a subir. Lá conversamos em desistir e o Carlos disse-me para continuar e não desistir com ele, provavelmente ele ficaria com o a Cruz vermelha, estávamos com cerca de 34 a 36 km e o calor das 12 horas não estava mesmo nada a ajudar.



Fiquei triste por ele, deixei um colega para trás, não é um sentimento que saiba lidar muito bem, mas vou acabar a prova, não por mim mas por ele, rapidamente encaixei o meu ritmo, infelizmente, perdi muito tempo, não interessa, penso, agora é chegar ao fim. Não foi tarefa fácil, o ar estava muito seco, muito calor, não havia ar a circular, felizmente uma nuvens cobriram o Sol e ajudou muito. percorri muito tempo sozinho, ajudou a limpar a cabeça, mas começo a passar alguns atletas que estavam já a enfrentar as primeiras dificuldades, conforme passo, mesmo sem conhecer alguns, pergunto sempre se necessitam de apoio ou algum tipo de alimento, regra que cedo se aprende no trail.

Chego a um abastecimento, depois dos 40 k, parecia uma enfermaria de um campo de batalha, era pessoal a vomitar, outros deitados cheios de dores, tinham desistido. Aqui apanho o Manuel Quelhas e o Fernando Salvador da equipa Paredes Ventura, segui o resto da prova com eles, ambos também estavam massacrados com o calor e com o desgaste da prova, mas agora seria terminar, nem que fosse de gatas. Perguntei pelas barras energéticas e pela sopa, não havia, perguntei pelo Tang (isotónico), havia, rapidamente todos os atletas contestaram com o staff, mas a culpa não é deles, estão a dar apoio aso atletas, o principal culpado é a organização e não os voluntários.


Começo a ver os km a passar, penso vai ser rápido, temos 50 k, faltam 10...mas, cedo  verifico que o perfil do dorsal não batia certo, pois deveria haver um abastecimento aqui e não o vemos, só apareceu cerca dos 54/55 k.
Os três começamos logo a dizer que aprova iria ter mais km, porque só assim é que justificava tal diferença, neste abastecimento não havia barras, nem sopa, havia do resto, questionamos a diferença de km, mas o voluntário cedo disse que nada sabia, só lhe tinham dito para ficar ali.

A certa altura não estava a conseguir acompanhar os meus colegas, fiquei para trás, não estava no melhor estado, olho para o relógio e alcanço a marca dos 60 km, na mochila já não tinha água, nem nenhum gel, a esta hora já deveria estar na meta, penso eu. Numa ponte encontro duas voluntárias com dois bidões de água, aqui pergunto o que se passa, sou informado que ainda faltam cerca de 6 km, sempre a subir, tinha havido um erro nas marcações e que ainda teríamos mais um abastecimento, mesmo assim decido encher água na mochila, não vou correr riscos.

Alcancei novamente o pessoal da Paredes Ventura, já tinha subido bastante, portanto não pode subir mais, mas de repente aparece. Tínhamos uma pedra enorme para subir com apoio de uma corda, decido que a corda não estava ajudar nada e lá me fiz  ela, no topo fomos informados que iríamos subir pouco mas por mais um km, depois chegaríamos ao último abastecimento e depois uma descida até a meta.



Mal passei o último abastecimento, começo a pensar que tudo vai acabar e se correr tudo bem terei a minha mulher e o meu filho junto da meta. Já se ouve o micro, a anunciar a chegada de outros atletas, de repente ouço uma voz, "vamos embora, faltam 300 metros", era o meu colega de equipa, o Dionísio Pires, que fez questão de vir ao meu encontro, aqui pergunto se o meu filho estava lá, disse-me que sim, bem como a minha mulher, penso logo, vai ser hoje que vou realizar um sonho, cortar a meta com ele, a emoção transpareceu, controlei-me.

Mal o vejo, pego nele, pergunto queres ir para o chão e correr com o pai, ele prontamente diz simmm!!! Dei-lhe a mão, ouço as palmas, o nome do Desnível Positivo e o sorriso do meu filho!!! Foi uma sensação a qual não sei descrever muito bem, foi excelente, compensadora, deu para esquecer tudo o resto.

Dorsal: 1012
Clube: Desnivel Positivo
Tempo chip: 09:52:20
Classificação geral: 44º