Não desistas

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sábado, 17 de maio de 2014

Ultra Trail de São Mamede 100 K







Mais uma prova a contar para o circuito Nacional de Ultra Trail Running, sendo esta edição, o Campeonato de Portugal de Ultra Trail da ATRP e pontuável com 3 pontos para o UTMB.



A prova dos 100 km, terá um desnível acumulado de cerca 700 mt, com partida e chegada a Portalegre no Estádio Eduardo Sousa Lima-Assentos, com passagem por Reguengo, Alegrete, Alto de São Mamede, São Julião, Serra Fria, Porto da Espada, Portagem, Marvão, Castelo de Vide, Carreiras, Ribeira de Nisa e Serra da Penha, com tempo limite de 24 horas.



A partida será dada ás 23.59 horas do dia 17 de maio de 2014, esta prova terá 10 Pac´s (postos de abastecimento) e terá um conjunto de 11 subidas cada uma com as suas próprias características, podem consultar aqui cada uma delas.

Para mim, o maior desafio reside em estar tantas horas acordado, mais que o próprio desnível e distância, pois iniciando a esta hora, estarei mais de 30 horas acordado e possivelmente cerca de 14 em prova, um grande teste.



A família lá se reuniu para a foto, desta vez ninguém fugiu no momento, algo inédito, pois por norma desaparece sempre algum elemento. Tudo apostos, já se sentia a ansiedade de muitos, alguns mais experientes, outros a estrear nestas distâncias, mas a família do trail gosta mesmo disto. Senti falta de dois grandes amigos, eles sabem bem quem são e por isso senti desde o início que faltaria ali algo, mas vou tentar focar as ideias na prova, pois seria necessário.




Sabia ao que vinha, tinha consciência que tinham passado apenas 15 dias do Gerês Trail Adventure, mas a recuperação foi rápida e as sensações tinham sido boas. O único aspecto que me preocupava para além da falta de descanso, seria o calor, pois provavelmente 40% da prova iria ser realizada de dia, onde as últimas horas seriam no pico do calor. Venho de uma zona mais a Norte, onde estou habituado a ter o mar por perto e em Portalegre é exatamente ao contrário, não tive grande oportunidade de treinar estas condições.O controlo zero foi rápido, a organização demonstrou imensa competência neste aspeto, pois para 700 atletas, " despacharam bem a coisa" e ao som dos Pink Floyd, tocado ao vivo pelo Eclips, se deu o tiro de partida para esta aventura.











O percurso inicialmente foi um pouco atribulado, muito pó no ar, por momentos tive flashbacks de festivais de verão, muita malta e assim é engraçado. Tinha noção que a parte com maior dificuldade, se verificaria nos 60 km iniciais, além do mais seria percorrido durante a noite, tinha delineado como estratégia, aproveitar a noite para ganhar terreno e deixar a parte de dia para controlar mais, pois o peso dos km, aliado ao calor dificultam a progressão.













Por volta dos 17 km, estávamos na localidade de Alegrete, tinha imensa gente a apoiar os atletas, aqui seria o Pac2 e o ambiente era de festa, adorei imenso, mas tinha que aproveitar. Por azar por volta do km 25, senti um picada no gémeo esquerdo, o pior estava para vir...


Sabia que ainda tinha que realizar a subida ao ponto mais alto da prova, às antenas de São Mamede, tive que controlar um pouco devido à picada do gémeo do lado esquerdo, mas por volta dos 35 km, já tinha em ambas as pernas, aqui a força psicológica começou a ser colocada a prova.

Passamos pela barragem da Apartura, já se notava a luz do sol a começar a espreitar por trás do Castelo do Marvão, onde aqui chegaríamos aos 60 km, possibilidade de troca de roupa, mas uma subida acentuada até ao Castelo, colocou a força em teste, aqui ponderei desistir, não me sentia bem, dores nos músculos e dores no estômago, colocaram-me em cheque. Decidi mudar de roupa, comi duas sopas com bastante sal e lá segui, não vim para cá para desistir aos 60 km.




Por volta do km 76/78, miradouro sobre o Castelo de Vide, tentei ingerir algo, não consegui, sentei-me durante um minuto, senti as pernas tremer imenso, ingeri líquidos e segui. Infelizmente, ao fim de 300 metros do abastecimento, não conseguia correr, mentalmente estava esgotado, tinha decidido desistir. Dirigi-me a um elemento da organização, informei da minha desistência e deitei-me um pouco. Decidi ligar ao meu amigo Diogo Almeida, estava eu de tal forma desorientado, que pensei que seriam 16 horas, quando ele me informa que eram 10 horas e que tinha havido imensas desistências na equipa.







Esta conversa, fez-me acreditar novamente que não podia ficar ali, acreditar em mim mesmo... eu sou capaz!



Informei que queria permanecer em prova, arranquei... e de que maneira...

Quando cheguei ao Convento da provença, tinha recuperado muito tempo perdido, mas paguei um preço alto, pois senti muito no corpo, mas estava moralmente revigorado. Abasteci, ouvi alguns conselhos sobre o percurso e o que faltaria, para conseguir gerir bem o resto da prova.










Pensei que mal acabasse de descer o escadório da Ermida da Penha, teria a vida facilitada, mas enganei-me, por muito pouco desnível que tivessem estes últimos 5 km, foram muito pesarosos, após tudo que o meu organismo suportou, ter 5 km a rolar com um dia de verão em Portalegre, foi mesmo muito mau, mas o fim estava a vista...











Antes de entrar no estádio, tive a minha colega de equipa Ester Alves, a dar uma palavras de apoio, lá no fundo emocionei-me, normalmente quanto estou para terminar uma prova tenho um flashback de tudo na minha cabeça e sinto um arrepio na espinha.
Após a volta ao estádio, lá terminei a prova com cerca de 13:25 minutos, ficando classificado em 27º na geral, onde por desistência de outros colegas de equipa, contei para fechar a classificação por equipas, onde a Desnível Positivo se classificou em segundo lugar. De louvar a prestação dos colegas Telmo Veloso, José Pereira e Susana Simões e dos estreantes numa prova de 3 dígitos Nuno Gavinho e Ricardo taxa.
De saudar toda a organização, todos os voluntários e especialmente o João Carlos Correia.





No fim ainda tive a possibilidade de me tratarem os pés, fiquei sem duas unhas, mas valeu a pena pois, tratei as bolhas que tinha e as unhas, como deve de ser, um serviço das Farmácias Holon, são mimos destes que fazem a diferença.


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Gerês Trail Adventure - Dia 2





Gerês Trail Adventure - Dia 1


Dia 1

Gerir! Está é a palavra do dia, pois foi isso mesmo que a equipa tinha traçado como grande objectivo.
Inicialmente as condições atmosféricas estavam boas para se correr na montanha, mas tal como previsto pela organização, começou a chover perto do meio dia e não parou mais.

O percurso foi excelente, rolante com algumas subidas duras, mas gerir, era ordem! Mas, infelizmente retiraram fitas em algumas partes do percurso, mesmo tendo a organização corrigido essa situação, retiravam novamente!

Apesar de tudo, acabamos bem! Amanhã a prova tem 60 km e vai ser muito duro!

Primeira equipa tripla, "Les Misérables" Desnível Positivo! 04:32:05 1900 mt D+