Não desistas

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sábado, 10 de março de 2018

Powerade Quiroga Trail Challenge-Trail do Castelo-Ultra Kissthemountain



No passado dia 24 de Fevereiro realizou-se a primeira prova do Quiroga Trail Challenge, o Trail do Castelo, que decorre em plena serra do Courel, que está nomeada a "Geopark" pela UNESCO. Nesta quarta edição, a prova bateu novos recordes de inscritos, tendo atingido os 690 participantes. O Quiroga Trail Challenge pontua para a ITRA (International Trail Running Association)  e por conseguinte para a mítica prova do UTMB (Ultra Trail Mont Blanc). Portanto, nos 65K com 4 pontos, nos 42 k com 2 pontos e no trail 15 k com 1 ponto. Este circuito é extremamente importante em toda Espanha e tem atraído muitos amantes de trail running da Península Ibérica. A segunda prova deste desafio, Trail do Lor, é realizado a 5 de Maio, sendo uma prova bastante técnica e difícil, onde decorre no mesmo local, o Courel, lugar mágico cheio de aldeias misteriosas, vales profundos e bosques densos.



Trail Do Castelo




A prova Ultra-Kissthemountain 65 km, a organização tinha anunciado um desnível acumulado de 6600 metros, passando pelo ponto mais alto o Montouto aos 1546 metros de altitude, mas no meu relógio marcou 62 km, com um acumulado de 7200 metros.


Ao realizar as inscrições podem reservar uma cama no Albergue de Quiroga, mesmo ao lado da partida/chegada, com um valor de 10€ por noite, ficam muito bem acomodados, com wc, chuveiros com água quente, wifi, elevadores e rampas de acesso. Além disso a organização tem um protocolo com um restaurante local, o ChapaKuña 3. Na primeira noite realizam uma pasta party por 10 €, tudo incluído, no dia da prova um mega pequeno almoço, por apenas 5 €, podem ingerir quase tudo que é necessário para enfrentar qualquer das distâncias e no fim da prova, servem um menu recuperador por 12 €. Existe também um parque de estacionamento para roulotes, pois é habitual os Espanhóis se deslocarem com este meio, aliás vi imensas famílias nestas condições.

Na partida deu para tirar um selfie com o Jabalí DoSacho, antigo colega de equipa e speaker do evento, grande ambiente, apesar de se sentir um frio esquisito, pois a temperatura rondava os 0 graus, sorte foi não existir vento. Tinha a minha prova desenhada na mente, com os limites impostos, para treinar dentro de uma zona, testando também algum material e alimentação. Os primeiros 15 km foram sempre quase sempre a subir, passando por muita água, muita geada, mas um bosque muito diversificado, deu inclusive ver um javali passar a cerca de 50 metros de nós, por volta do km 10, era enorme eu não gostaria de o encontrar de frente.





















Não senti muito frio, decidi que levaria apenas roupa confortável, uns manguitos e umas luvas, pois só quando saímos do bosque para começar a subir ao Montouto, é que o sol começou a ser sentido, e a temperatura aumentou. Para mim a subida foi um pouco penosa, nada de muito sério, mas já não corria desta forma à quase cinco meses, desde o UTAX - 115km, foi para mim a primeira prova de 2018 e por isso me tenha sentido desta forma.






















As descidas são extremamente íngremes com pedra solta à mistura o que torna ainda mais complicado, mas senti-me bem ao descer e recordei quando em 2016, no ano que nevou, ter descido o mesmo percurso sempre a deslizar, tal como numa estância de esqui, mas desta vez tudo estava mais seco.




Os últimos 25 km serviram para manter ritmo e tentar recuperar calmamente algumas posições. Por norma os nossos irmãos são extremamente competitivos, por isso sabia que não seria algo muito fácil. Mas, aos poucos fui recuperando posições, não que isso fosse importante, sendo que foi uma prova de preparação para os grandes objectivos de 2018, mas é um excelente incentivo moral para o resto da prova.






Esta última parte do percurso recordo melhor, sabia o que me esperava, posso dizer que depois dos 36 km de prova, dá para rolar bem, apesar da existirem mais duas ou três duras subidas, posso dizer que não é uma prova muito difícil a nível técnico nestas condições atmosféricas, pelo que recomendo a qualquer pessoa que já tenha alguma experiência em trail a participar, pois não se irá arrepender.








Adquiri uma mochila Salomon S-Lab Sense Ultra 8 Lt, que deu para testar nesta prova. Apesar de ser o primeiro uso, gostei da sensação que se ajusta ao corpo, o espaço que tem para quase tudo. Não tem nenhum bolso impermeável, não veio com uma manta térmica incluída, mas tem dois softflasks de boca grande que levam 500 ml cada um. Falta ver até que ponto na durabilidade do material se aguenta, pois achei o material um pouco frágil, mas de um modo geral superou as minhas expectativas.
Finalmente uma mochila que não me magoa no pescoço.

Também usei uns calções Salomon Agile 5", super leves e extremamente confortáveis. Tem algumas partes reflectoras, um bolso traseiro que dá sempre para colocar algo, mas se colocarem algum aparelho electrónico usem uma protecção, pois o suor pode danificar. Leves, respiráveis e com tecnologia Active fit, AdvancedSkin ActiveDry, UPF 50, ou seja, contra UVA e UVB. Gostei bastante, não obtive qualquer fricção entre as pernas, pois vem com o tecido interior que proteje, digamos, as partes baixas. Podem comprar na Viana Cycles a menos de 35 €, aliás, tem uma grande variedade de calções, não só desta marca, mas de outras também.


Foi um grande empeno, já não estava habituado a correr 65 k com cerca de 7200 de acumulado, mas no final o balanço foi excelente, tendo me classificado em 16º na geral, com cerca de oito horas e vinte minutos, 9º veterano e a título motivacional o primeiro Português.

Agradeço a todos que me tem apoioado, nomeadamente à minha família, ao meu clube, à equipa da Hands On e ao colectivo da Runtreino, nomeadamente à Ester Alves.
Siga treinar que o tempo passa depressa.
Bons treinos.